Como em toda decisão que envolva grandes quantidades de pessoas, sempre restarão sequelas. Principalmente no embate atual em que as duas alas tinham argumentos mais que sólidos para defenderem a justeza de sua causa. De um lado, a Direção Sindical da APP-Sindicato, que nunca em nenhum momento se negou, seja a conduzir o processo para aonde a base apontava, seja em negociar com o Déspota, indo à limites que muitos até consideraram inaceitáveis para tentar dar fim ao impasse criado pela intransigência do governo em reconhecer os direitos dos servidores da educação. Do outro, os feridos e massacrados pela violência do Estado que não se furtou nem mesmo a bombardear a população civil na praça, agora, renomeada pelo sangue e pelas lágrimas, Praça 29 de Abril em Curitiba.
Em sua sanha de apoderar-se do que não lhe pertencia e em
sua sede de destruir a espinha dorsal do sindicalismo no Paraná, o Déspota usou
de todas as artimanhas, legais e ilegais para desestruturar a Luta, seus
guerreiros e a entidade que hoje representa, nas palavras do próprio Déspota, a
maior força política do Paraná. Numa longa Greve, os servidores da educação
deixaram o Rei nú. Nunca antes na história do Paraná um governador teve sua
imagem, de seus próximos e de seu governo desmontada de forma pública da forma
como foi desmascarado o Governador Beto Richa. Do bom moço de família do início
do primeiro quadriênio ao Déspota sanguinário responsável por mais de trezentos
feridos no ataque criminoso e covarde do dia 29 de abril. Ao mesmo tempo, sua
administração se revelou o desastre que todos conhecem: ineficiente, ao ponto
de ter sido decretada uma 'intervenção branca' do PSDB nacional, introduzindo
tenebrosas figuras carimbadas de processos na elite da administração estadual,
vergonha eterna para os paranaenses que já tinha deixado de ser a Quinta
Comarca paulista, para agora serem servos de um partido político. Corrupta, ao
ponto do entorno mais próximo do Déspota estar ou encarcerado ou perto de
sê-lo, afora os inúmeros processos criminais correndo contra boa parte dos
comissionados em todos os órgão do Estado, da FUNDEPAR à proximidade da
Primeira Dama, cujo 'berço', não a salvou da contaminação da corrupção
instalada pelo PSDB no Paraná. E tudo isso lavado em praça pública pela
imprensa estadual, nacional e internacional, levando o Paraná ao nível das
republiquetas africanas mais atrasadas em termos de Ética Política e cuidado
com o bem público. Outra mancha indelével na História do Paraná.
O encerramento da mais longa Greve de servidores da educação
em mais de vinte anos; num processo de negociação eivado de traições por parte
de boa parte da classe política paranaense, listados como os Deputados do
Camburão, inesquecíveis pelos servidores, que deles cuidarão nas eleições de
2016 e 2018, protelado por todas as chicanas jurídicas possíveis por uma
Justiça classista, nepotista e corporativa, deixou também à descoberto o tipo
de representação política que o Paraná escolhe e o tipo de Justiça que por
estas plagas reina, foi o mais perto possível da Justiça possível no momento.
Por fim, a inércia da sociedade paranaense frente ao
massacre real e ao linchamento moral de lideranças sindicais e da própria
categoria, também deixou exposto o quanto o Paraná tem de avançar na
conscientização política, no sentimento de civilidade, na defesa intransigente
dos Direitos; que hoje negados a uma categoria, amanhã poderão igualmente ser
negados à mais frações da sociedade. O Paraná que não saiu às ruas na defesa de
seus mestres, fica devedor de sí mesmo.
O momento agora, é de lamber as feridas, voltar ao trabalho
e lembrar, de hoje para todo o sempre, qua à cada vez que as forças do
obscurantismo, da violência, das práticas fascistas mesmo, se erguerem contra o
Povo, encontrarão, como agora encontraram, a linha de resistência formada pelos
Professores e Funcionários da Educação do Paraná, unidos em torno de seu
sindicato, espinha dorsal da luta organizada, a APP-SINDICATO. Assim é que se
vê, a força da APP!
Professor Ricardo Drummond de Macedo.
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