Em delação, auditor fala sobre um suposto esquema que teria envolvido ao menos sete delegacias da Receita Estadual
Bandeiras da disputa ao governo do estado em 2014: PSDB diz que contas de Richa foram aprovadas. |
A denúncia apresentada nesta quarta-feira (10) pelo Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) acrescenta novos
elementos aos relatos já divulgados de que dinheiro desviado da Receita
Estadual pode ter sido usado na campanha de reeleição do governador Beto Richa
(PSDB), em 2014. Novamente, as informações se baseiam principalmente no
depoimento do auditor Luiz Antônio de Souza, preso em fase anterior da Operação
Publicano e que se tornou colaborador da Justiça. Segundo Souza, podem ter sido
usados até R$ 4,3 milhões ilícitos na campanha. O PSDB nega qualquer
irregularidade.
No documento apresentado pelo Gaeco à Justiça, que resultou
na decretação da prisão de 68 pessoas, aparece um longo trecho da delação
premiada de Souza em que ele fala sobre um suposto esquema de arrecadação para
a campanha eleitoral. Segundo ele, que chegou a ocupar o cargo de inspetor
regional de fiscalização, o esquema teria envolvido pelo menos sete delegacias
da Receita.
Souza afirma que ouviu de Márcio Albuquerque de Lima, à
época inspetor-geral da Receita, que Luiz Abi Antoun, primo distante do
governador Beto Richa (PSDB) e apontado como “eminência parda do governo”,
teria em 2014 a expectativa de conseguir R$ 1 milhão para a campanha na
Delegacia de Londrina. Nessa versão, a delegacia da Receita de Curitiba teria
sido incumbida de arrecadar R$ 2 milhões.
“Com relação às demais delegacias (sendo certo que isso
inclui as Delegacias Regionais de Maringá, Umuarama, Cascavel, Foz do Iguaçu e
Ponta Grossa), o compromisso era de que a própria IGF (Inspetoria Geral de
Fiscalização) repassaria diretamente para Luiz Abi R$ 300.000 mensais, por
cinco meses, que seriam recolhidos pela IGF dessas delegacias”, diz documento
do Gaeco, citando a delação de Souza.
De acordo com o delator, os R$ 4,3 milhões seriam formados
por R$ 2 milhões de Curitiba, R$ 800 mil de Londrina e R$ 1,5 milhão das demais
delegacias. Na versão de Souza, Márcio Albuquer de Lima entregava pessoalmente
o dinheiro para Luiz Abi, em Londrina ou em Curitiba. Ele disse ainda que Abi
sabia que a origem do dinheiro era ilícita.
O PSDB nega que tenha usado dinheiro ilício na campanha. De
acordo com o partido, a campanha registrou todas as receitas e teve suas contas
aprovadas pela Justiça Eleitoral. O PSDB também afirma que a arrecadação era
integralmente feita pelo comitê financeiro da campanha, do qual Luiz Abi jamais
participou. No total, a campanha de Richa à reeleição registrou receitas de R$
26 milhões.
Via - Gazeta do Povo
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