Uma das lembranças mais gratas dos meus tempos de criança era quando minha mãe trazia a boa nova: “Amanhã vamos passear na casa da tia Maria”...
Maria Marques era a esposa do meu
tio Raimundo, irmão mais velho do meu pai, este casal foi a única referência da
presença de tios em minha vida, mesmo meus pais tendo muitos irmãos, os tios
Raimundo e Maria foram os únicos que moraram perto, a extensão geográfica do
país, privou-me de um contato estreito
com os demais tios, porém, a casa da Tia Maria era um mundo encantado
para a criança desprovida de passeios que eu fui, estes apreciáveis tios
moravam em Paranavaí.
Dona Maria marques, professora de
profissão foi também esposa e mãe dedicada, seguidora dos preceitos da igreja,
educou os filhos religiosamente dentro dos princípios da fé católica cristã.
Sua casa para mim era um regozijo
a parte, lá saboreava a boa amizade desta família tão nossa... As histórias
infindas narradas por tio Raimundo eram sempre concluídas por suas memoráveis
risadas, também preciosa era a simpatia afável das minhas primas Cida e
Cristina.
“Aurora da minha vida que os anos
não trazem mais”, em minhas reminiscências, vejo meus amados tios gozando de
saúde e vitalidade, hora rindo, hora ralhando com as travessuras do cachorro
“Térri”, o cão branco e peludo querido por todos da casa...
Seria bom que as coisas boas da
vida não acabassem nunca, seria ótimo que a doce sensação daqueles verdes
tempos perdurasse por todo tempo.
Porém, não é assim, o tempo passa
e leva consigo páginas boas do livro da vida, a gente cresce e o mundo colorido
e puro dos tempos de criança fica apenas em nossa lembrança.
Tio Raimundo, meu norte quando é
pronunciada a palavra tio saiu de cena em 2005, levando com ele os contos, as
piadas e a gargalhada mais saborosa do mundo, terminaram também os pudins
feitos em forminhas redondas e os pães que com esmero ele fazia na área dos fundos
de sua casa.
Dona Maria Marques, minha doce
tia Maria, deixou-nos hoje, acometida pelo enfado de seus noventa anos exemplarmente
vividos, hoje os bons tios estão em um plano superior, certamente no lugar
cabido aos bons.
Lembro-me com saudade e gratidão os bons momentos que este casal proporcionou quando acolhiam a mim e minha família em sua casa.
Lembro-me com saudade e gratidão os bons momentos que este casal proporcionou quando acolhiam a mim e minha família em sua casa.
Entram pra história como pessoas
importantes e consideráveis em minha vida a ponto de eu imaginar impossível uma
infância sem os venturosos passeios na casa deles, ofertando-nos carinho e a
hospitalidade dos bons cearenses.
Deixo externada minha gratidão
pelo privilégio em tê-los na família, ainda que consternado com o fato de hoje
eles serem saudades.
Obrigado tia, por me proporcionar
ótimas lembranças, grato pela cordialidade e pelo aconchego de uma tia de
verdade.
Aos filhos Zé Carlos, Corrinha,
Cida, Zé Antonio, Lourdinha, Cristina e Deodato, meus sinceros sentimentos pela
irreparável perda. Agarrem-se na paz de
suas consciências de que nenhum cuidado foi negligenciado, cumpriu-se para ela
o ciclo da existência.
Ainda era muito cedo, apesar dos
noventa anos da querida dona Maria Marques, a vida é o agora e todo agora é
precoce demais para vermos partir aqueles que amamos.
Não há muito que dizer-lhes meus
queridos primos a não ser chorar com vocês essa imensa dor.
Vá em paz tia Maria, incansável
guerreira. O mundo tornou-se melhor porque a senhora existiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário