Número faz parte da 2ª Pesquisa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pnera), que será lançada na quarta-feira (17).
Segundo o MST, nos últimos dez anos, mais de 37 mil escolas
rurais foram fechadas
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Por Mariana Tokarnia, da Agência Brasil
O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera)
atendeu a 164.894 moradores de assentamentos desde a criação, em 1998, até
2011. O número faz parte da 2ª Pesquisa Nacional de Educação na Reforma Agrária
(Pnera), que será lançada na quarta-feira (17).
Na análise do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (Incra), responsável pelo programa, e de movimentos sociais, o Pronera
trouxe avanços para a educação do campo, mas não consegue atender a toda a
demanda nos assentamentos.
"O Pronera contribui com a elevação das condições de
vida, da qualidade de vida dos trabalhadores que vivem no campo", avalia a
coordenadora geral de Educação no Campo e Cidadania do Incra, Raquel Buitrón
Vuelta.
"Os estudantes do Pronera não estão interessados apenas
no diploma, mas na abertura de mundo, no acesso à políticas públicas para os
assentamentos. Com a educação, podem acessar linhas de crédito, assinar
documentos, por exemplo", afirma.
A oferta do programa é definida em conjunto com as
comunidades. Quando surgiu, segundo Raquel, uma das principais demandas era por
alfabetização de jovens e adultos. Essa etapa atendeu a 47.867 estudantes. Com
o tempo, as demandas foram se sofisticando. Até 2011, 2.188 foram atendidos na
graduação, 1.689 em magistério de nível médio, 3.090 no ensino técnico ou
profissional.
O atendimento, no entanto, principalmente por falta de
recursos, não alcança toda a demanda dos assentamentos, de acordo com a
coordenadora. Seria necessário dobrar o orçamento atual de R$ 30 milhões para
atender a essa população.
Atualmente, segundo dados disponíveis no portal do Incra,
são 968,9 mil famílias em assentamentos de reforma agrária. Em 2010, 16,42% dos
moradores eram analfabetos. No mesmo ano, o dado nacional de analfabetismo
entre a população com mais de 15 anos era 9,6% de acordo com o Censo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Os jovens precisam ter oportunidade, ter uma educação
alinhada ao mundo deles. Ter oportunidade de se formar. As redes de ensino tem
melhorado o atendimento, mas ainda são necessárias adequações. Se a educação
não chega, aquele jovem de 15 anos, sem oportunidade no campo, vai para a
cidade, onde também não encontra oportunidades. Acaba vivendo em um mundo
perigoso que é o da prostituição, drogas, violência", diz o secretário de
Políticas Sociais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
(Contag), José Wilson de Sousa Gonçalves. Segundo ele, a maior parte dos jovens
rurais quer permanecer no campo.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) faz um
alerta para a educação no campo. Segundo a entidade, nos últimos dez anos, mais
de 37 mil escolas rurais foram fechadas. Elas estão sendo substituídas por
transportes escolares para levar os estudantes às escolas urbanas.
"Uma escola na comunidade faz diferença, porque, além
de ser uma escola, serve de ponto de encontro, ponto de referência para a
comunidade", diz uma das coordenadoras do MST e integrante da Comissão
Pedagógica Nacional do Pronera, Antônia Vanderlúcia de Oliveira Simplício.
"O Pronera está sendo fundamental, porque tem formado vários professores
para atuar nas comunidades. Além de formar profissionais em outras áreas como
direito, medicina veterinária, ciências sociais, várias áreas que fortalecem o
sujeito que atua de forma a desenvolver a comunidade", acrescenta.
Os dados, adiantados à Agência Brasil, fazem parte da
primeira parte, a quantitativa, da segunda Pnera, desenvolvida em parceria com
Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea). A segunda parte da pesquisa traz dados
qualitativos, avaliando o impacto dos cursos nas comunidades e regiões
contempladas pelo Pronera. De acordo com o Incra, o segundo projeto está sendo
sistematizado para ser entregue ainda este ano.
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