Mariana Tokarnia - Agência Brasil
As instituições particulares de ensino e os estudantes
elogiaram a maior transparência na divulgação das novas regras do Fundo de
Financiamento Estudantil (Fies), mesmo tornando o acesso ao financiamento
estudantil mais rigoroso. A oferta de vagas no segundo semestre era incerta até
o início do mês.
"Recebemos a notícia com bastante entusiasmo, pois é
necessário que o governo se mobilize e ofereça oportunidade para os estudantes
terem acesso ao ensino superior. Tem restrição, mas faz parte da política
pública", diz o diretor executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras
do Ensino Superior, Sólon Caldas. A entidade representa mais de 800 mantenedoras
e instituições de ensino superior.
As novas regras incluem juros maiores e menor limite de
renda para contratrar o financiamento. Os juros dos novos financiamentos serão
reajustados para 6,5% ano. Atualmente, a taxa de juros é 3,4%. A oferta de
vagas vai priorizar os cursos com conceitos 4 e 5 nas avaliações do MEC, sendo
um quarto das vagas nos cursos de conceito 5 – nível máximo. Ele ressalta que
as novas regras foram construídas depois de consultas às instituições. Ao
contrátrio do que foi feito no final do ano passado, quando instituições e
estudantes foram pegos de surpresa com as restrições ao financiamento.
Atualmente, estudantes com renda familiar bruta de até 20
salários mínimos (R$ 15,760 mil) podem contratar o Fies. Agora, esse limite
passa para 2,5 salários mínimos (R$ 1,970 mil) por pessoa. As instituições, em
contrapartida, oferecerão mensalidades 5% mais baratas aos estudantes que
contrataram o Fies. "Neste momento em que o país passa por restrição
orçamentária, ter disponibilizado as vagas é algo considerável", diz
Caldas.
"É importante que o governo tenha mudado e anunciado as
regras de forma mais transparente", diz a presidenta da União Nacional dos
Estudantes (UNE), Carina Vitral. "As instituições precisarão seguir
determinadas regras que garatem maior segurança aos estudantes",
acrescentou.
Carina também comemorou a prioridade dada aos cursos com
maior qualidade. "Isso significa que o dinheiro público será investido em
cursos de maior qualidade, e nós, estudantes, vamos estudar em cursos de maior
qualidade. Isso é importante". Os novos juros, no entanto, poderão gerar
dificuldade aos estudantes de baixa renda, segundo ela, uma vez que "eles
necessitam do subsídio, por parte do governo, num programa tão
importante".
Nas redes sociais, muitas pessoas manifestam dúvidas em
relação às novas regras. Os comentários se dividem entre empolgação com novos
contratos e reclamações. "Esse vai ser mais tenso do que o
primeiro!", diz um usuário do Facebook em grupo de discussão sobre o financiamento.
Outro reclama do aumento dos juros: "O juro está muito alto, não compensa
fazer. Quem tiver a chance de rever o financiamento interno fica mais em
conta".
Atualmente, mais de 2,1 milhões de estudantes de
instituições de educação superior privadas usam o financiamento para cursar o
ensino superior. As novas regras valerão para os novos contratos do Fies. O
edital com as datas e os detalhes sobre a inscrição deverá ser divulgado no dia
3 de julho. Na edição do segundo semestre, serão ofertadas 61,5 mil novas
vagas.
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