Moradores de municípios bolivianos de extrema pobreza passam por capacitação técnica no semiárido nordestino. Programa já chega também ao Paraguai.
Brasília – As técnicas brasileiras de construção de cisternas estão sendo replicadas na Bolívia. A cooperação entre os dois países está mudando a vida de famílias de dois municípios bolivianos – Bentanzos e Tarabuco –, localizados em regiões semelhantes ao semiárido brasileiro e que chegam a ficar até oito meses sem chuva. A extrema pobreza é alta nas duas localidades. Em Tarabuco, por exemplo, 93,5% da população são extremamente pobres.
A cooperação foi feita por meio dos ministérios brasileiros
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e das Relações Exteriores
(MRE) em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (FAO).
A partir da experiência brasileira, o governo da Bolívia
construiu 350 cisternas de placa na zona rural dos municípios bolivianos. Nesta
semana, a diretora do Departamento de Fomento e Estruturação da Produção do
MDS, Rocicleide da Silva, visitou algumas comunidades na Bolívia que foram
atendidas com cisternas. A ação marca o encerramento do projeto de cooperação
técnica, quando serão avaliados os resultados.
Uma delegação brasileira fez a capacitação de pedreiros e
gestores bolivianos em agosto de 2013. Antes disso, em abril do mesmo ano, eles
acompanharam a construção de cisternas em Caruaru (PE). Depois do treinamento,
as comunidades foram mobilizadas e ajudaram a construir as cisternas (aljibes,
em espanhol) até o final do ano passado.
Rocicleide explica que a tecnologia social brasileira
começou a ser replicada em 2003, com a criação do Programa Cisternas. O
programa integra um conjunto de políticas públicas que foram determinantes para
a saída do Brasil do Mapa da Fome, segundo a FAO. “Essas ações que promoveram a
segurança alimentar e nutricional da população mais pobre são agora referência
para outros países, como a Bolívia e o Paraguai”, destaca.
As cooperações técnicas incluem intercâmbios e ações para a
implementação de políticas de segurança alimentar e nutricional, como é o caso
das cisternas – soluções simples para captar e armazenar água da chuva. Assim,
as famílias têm acesso à água de qualidade para beber e cozinhar.
Famílias mobilizadas
José Roberto da Silva é mobilizador social da Diocese
Caruaru, entidade filiada à Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), uma das
entidades executoras do Programa Cisternas. Ele esteve na Bolívia para
participar da capacitação da comunidade local. Segundo o mobilizador, o que
mais o impressionou foi a emoção das famílias ao saber que receberiam as
cisternas. “Não precisou de muita mobilização para convidar as pessoas para
participar da construção. Estavam todos motivados e admirados com a tecnologia
social que é fácil de construir”, disse José Roberto.
Segundo ele, assim como no Programa Cisternas do Brasil, na
Bolívia foram priorizados os mais carentes. ”Essas cisternas vão dar mais
qualidade de vida para eles como têm dado para a população do Semiárido”,
completou.
Desde 2003, governo federal instalou mais de 1 milhão de
cisternas
Atualmente, há cisternas em 1.330 municípios de todos os
estados da região do Semiárido brasileiro, que compreende os nove estados do
Nordeste e norte de Minas Gerais. Desde 2003, já foram instaladas 1.166.776
cisternas para consumo humano (somado as cisternas de polietileno, a cargo do
Ministério da Integração Nacional e as de placas de cimento, a cargo do
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome instaladas até maio de
2015). As cisternas para consumo humano beneficiam cerca de 4 milhões de
sertanejos.
Dados atualizados do Programa Água para Todos indicam que a
região tem capacidade, hoje, para armazenar 22 bilhões de litros de água. Esse
número representa a soma da capacidade das cisternas para consumo (água para
beber) e para produção (água para animais e agricultura) implantadas com
recursos do governo federal desde 2003, inicialmente por meio do Programa
Cisternas.
Portal Brasil
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