Ao lado de lideranças políticas e sociais, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento à imprensa nesta sexta-feira
(4), na sede do diretório nacional do PT, em que manifestou a sua indignação ao
que chamou de “falta de respeito ao direito” e “autoritarismo do judiciário”,
mas avisou: “Se queriam matar a jararaca, não conseguiram. Bateram no rabo, não
na cabeça”.
“Hoje é o dia da indignação, da falta de respeito e do
autoritarismo do Judiciário”, disse Lula que foi alvo da 24ª fase da Operação
Lava Jato, deflagrada nesta sexta. Além do depoimento, foi realizada busca a
apreensão em sua casa e na sede do Instituto Lula, entre outras ações. A
operação foi lançada sob o frágil argumento de que as palestras feitas pelos
ex-presidente foram em sua maioria pagas por empresas investigadas pela Lava
Jato.
Lula desmontou o factoide dos procuradores. Chamado pelo
presidente norte-americano Barack Obama de “o cara”, Lula é reconhecido em todo
o mundo pela gestão que promoveu a inclusão social do Brasil e tirou milhões de
brasileiros da miséria.
“Ninguém queria que eu discutisse sexo dos anjos. As pessoas
queriam que o Lula falasse das coisas que fez no Brasil. Que milagre fez para
aprovar o Prouni, o Fies, para levar energia a 15 milhões de pobres nesse
país... Por isso me transformei no conferencista mais caro do mundo junto com o
Bill Clinton... Não tenho complexo de vira-lata. Eu sei o que fiz pelo país”,
disse.
Ele também repeliu as ilações sobre o sítio em Atibaia e o
apartamento em Guarujá. Ele citou um barco comprado pela sua esposa, Marisa
Letícia, e os pedalinhos em um sítio em Atibaia.
“Uso a chácara de um amigo porque os inimigos não me
oferecem. Se quiserem me emprestar, aceito. Se a Globo me oferecer o tríplex em
Paraty eu vou. Se me oferecerem o apartamento em Paris ou Nova Iorque eu vou”,
disse. E completou: "Eles dizem que o apartamento [Guarujá] é meu, mas não
é. Eu quero saber quem é que vai me dar esse apartamento quando esse processo
terminar porque o apartamento não é meu", afirmou.
Sobre os pedalinhos no sítio, Lula ironizou: "Se
preocupam com pedalinho que ela [Marisa] comprou por R$ 2 mil para os netos? Se
pudesse eu dava um iate para ela".
O ex-presidente demonstrou que apesar da tristeza, a atuação
do consórcio direitista não lhe tirou o ímpeto de continuar lutando pelo
Brasil. “Fiquei indignado com esse processo de suspeição. Se a PF encontrar um
real de desvio na minha conduta, eu não mereço fazer parte deste partido... Não
vou abaixar a cabeça. O que fizeram com esse ato hoje foi fazer que, a partir
da semana que vem eu estarei disposto a percorrer esse país”.
Ainda sobre a operação, Lula chamou a operação desta sexta
de “espetáculo”. “Não precisava ter mandado coerção na minha casa hoje de
manhã, na casa dos meus filhos. Mas lamentavelmente eles preferiram utilizar a
prepotência, a arrogância, e fizeram um show, um espetáculo de pirotecnia. É
lamentável que uma parcela do MP esteja trabalhando em associação com a
imprensa", disse Lula.
Ele salientou que os vazamentos evidenciam a relação da
operação com a imprensa, ferindo o direito de defesa e o Estado Democrático de
Direito. “Enquanto os advogados não sabiam nada, alguns meios de comunicação já
sabiam. É lamentável que uma parcela do poder Judiciário brasileiro esteja
trabalhando em associação com a imprensa... Antigamente você tinha a denúncia
de um crime, ia investigar se existia e prender o criminoso. Hoje a primeira
coisa que se faz é determinar quem é o criminoso”.
Lula disse ainda que sempre manifestou sua disposição em
atender as solicitações dos investigadores. Destacou que chegou a depor por
seis horas respondendo pacientemente as mesmas perguntas. Ele também manifestou
sua indignação com a violência cometida contra sua família e pediu perdão aos
parentes.
“Queria pedir desculpas a Marisa e meus filhos pelos
transtornos que eles passaram. Não há nenhuma explicação de irem atrás dos meus
filhos a não ser o fato de eles serem meus filhos’”, repeliu.
Segundo o ex-presidente, o fundamento dessas ações está
longe de uma investigação para apurar possíveis ilícitos, pois a principal
motivação dessas operações é o inconformismo com a vitória da presidenta Dilma
Rousseff em 2014.
“Deixei a Presidência e achei que tinha cumprido com a minha
tarefa. Ao eleger a Dilma achei que tinha consagrado minha tarefa. Mas desde o
dia 26 de outubro de 2014 não permitem que a Dilma governe esse país”, frisou.
Lula defendeu que o país não pode ficar “amedrontado e
reafirmou: "Eu sou um homem que acredito em instituições de Estado forte.
Estado forte é a garantia do estado democrático. E desde a Constituinte briguei
para ter um Ministério Público forte. Mas é importante que os procuradores saibam
que uma instituição forte tem que ter pessoas responsáveis".
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