Desta vez, a TV Globo não teve como esconder o protesto da
torcida Gaviões da Fiel. Durante o jogo Corinthians e Santa Fé, realizado na
quarta-feira (2) pela Libertadores da América, uma faixa enorme foi erguida com
os dizeres "Futebol é refém da Globo".
Por Altamiro Borges
Desconcertado, o narrador Galvão Bueno foi forçado a comentar a crítica dos torcedores. Na maior caradura, o eterno serviçal da famiglia Marinho afirmou que "a Globo é a única que transmite [a Libertadores] gratuitamente em TV aberta, como também fazemos com o futebol brasileiro há 40 anos. Mas protestar é sempre um direito".
Por Altamiro Borges
Desconcertado, o narrador Galvão Bueno foi forçado a comentar a crítica dos torcedores. Na maior caradura, o eterno serviçal da famiglia Marinho afirmou que "a Globo é a única que transmite [a Libertadores] gratuitamente em TV aberta, como também fazemos com o futebol brasileiro há 40 anos. Mas protestar é sempre um direito".
Também é "um direito do cidadão" não ser
manipulado pelos meios de comunicação, principalmente pelas emissoras de tevê
que exploram uma concessão pública. Nestes 40 anos, graças às benesses da
ditadura militar na sua origem, a TV Globo fez fortuna com a transmissão exclusiva
dos principais campeonatos de futebol - nacionais e internacionais. Ela não
"transmite gratuitamente", como disse cinicamente o narrador
regiamente pago pela emissora. Ela ganha rios de dinheiro com os pacotes de
publicidade dos jogos - o que ajuda a
explicar porque os filhos do Marinho estão entre os maiores ricaços do país e
do mundo, segundo o ranking da insuspeita revista Forbes.
Se fosse tão generosa, ela poderia permitir que outras
emissoras transmitissem as partidas. Mas ela não larga o osso. Ela impõe os
horários das partidas, que começam sempre depois do "último beijo da
novela da Globo" - como ironizou o jogador Alex -, penalizando os
torcedores. Ela distribui a menor parte da verba de patrocínios ao seu
bel-prazer, prejudicando inúmeros clubes de futebol. Ela decide arbitrariamente
que jogo vai exibir, concentrando suas transmissões no Sul-Sudeste em
detrimento do Norte-Nordeste. Ou seja, diferentemente da maior parte do mundo
onde há regras para o setor, aqui impera a ditadura da Globo - o que explica a
elitização do futebol e a própria crise desta paixão nacional.
Estas absurdas distorções, que o serviçal da famiglia
Marinho tenta esconder, são conhecidas por vários profissionais mais sérios,
Recentemente, o jornalista Sidney Rezende, um dos fundadores da GloboNews e
criador do modelo de programação da rádio CBN, foi incisivo nas críticas aos
seus ex-patrões. "A Globo não é dona do Brasil, não é dona do Carnaval,
não é dona do futebol... A Globo está ultrapassando seus limites como meio de comunicação
no momento em que interfere em horários de festividades, nas partidas de
futebol, nos desfiles das escolas de samba, quando adequa as festividades
populares a uma grade de programação de seu interesse". Daí o justo
protesto dos torcedores do Corinthians - que até poderiam produzir outra faixa:
"Cala a boca, Galvão".
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