O dia que nunca aconteceu versus o dia que nunca vai acabar
Ref. ao post A aura trincada do Ministério Público
1. Quando a Ditadura compreendeu que havia perdido o
controle sobre seus porões, Golbery concebeu uma distensão lenta, gradual e
segura. Sua estratégia foi tão bem sucedida que até hoje a Ditadura perdura. Ao
aparelho de repressão continua intacto, pronto a ser reativado. Estruturas
altamente hierarquizadas, quando frente ao vácuo do poder central, tendem a se
esfacelar numa luta de grupos agindo autonomamente. A Dilma que venceu as
eleições de 2014 ainda não tomou posse. É uma Presidente ausente deixando que
se execute o programa derrotado nas urnas. Enquanto a Esquerda se retrai, os
golpistas estão em toda a parte, como uma horda de zumbis avançando para
devorar o mundo dos vivos.
2. Subitamente a crise política é retirada do primeiro plano
e a grande mídia se rende à intrusão da crise climática. São Paulo, a eterna
capital do golpismo e a grande Babilônia brasileira, exibe seus horrores: uma
cidade inviável, a inabitável obra máxima dos oligarcas brasileiros. Os semi
deuses em sua suprema arrogância e ignorância se julgam capazes de manipular a
História e o meio ambiente. Mas crise climática também já cruzou o ponto de não
retorno, tornando-se um agente político.
3. Vivemos a rarefação da liderança nacional. Não é apenas
Dilma a inerte e inócua. Já não temos mais grandes lideranças capazes de
galvanizar os movimentos sociais. Os intelectuais emudeceram. Os setores à
Esquerda ainda não consolidaram representantes à altura dos desafios da crise.
Enquanto Jean Wyllys e Guilherme Boulos avançam, Marcelo Freixo se mantém em
eclipse. Por outro lado, nos diversos setores em movimento, brotam inúmeras
pessoas com enorme capacidade de liderança.
4. O projeto golpista em curso é extremamente claro em seus
objetivos: entrega do pré-sal, privatizações, submissa do Brasil as mega
corporações transnacionais através do TTIP (Acordo de Parceria Transatlântica
de Comércio e Investimento), reforma da previdência, flexibilização das leis
trabalhistas, desmonte da rede de proteção social estabelecida com a
Constituição de 1988. Como sempre, os golpistas tem um claro projeto que não se
envergonham de desfraldar.
E nós? o que defendemos? o que implica na prática, através
de pontos específicos e objetivos, a Defesa da Democracia?
5. Neste sábado (12/03/2016), estamos todos nós no
tempo histórico suspenso entre o dia que nunca vai acabar e o dia que nunca
aconteceu. Seja como for, nada será como antes amanhã.
Via- Jornal GGN
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